Artigo 29 de janeiro - Leia em 10 min

Por que tamanhos de roupa são diferentes entre marcas?

Por que tamanhos de roupa são diferentes entre marcas?

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Seria ótimo se clientes pudessem comprar com confiança o mesmo tamanho em diferentes marcas, mas a realidade é que os consumidores tendem a usar tamanhos diferentes em diferentes marcas.

O tamanho 36 de uma marca pode ser o tamanho 34 de outra; um vestido tamanho G de uma loja pode ter as mesmas dimensões que o tamanho M em outra.

Isso naturalmente leva a muita confusão por parte dos clientes e dificulta as compras online, resultando em altas taxas de devolução. Mas há boas razões para isso.

Neste artigo, você aprenderá por que as marcas implementam tamanhos diferentes, os esforços atuais de padronização de tamanhos e medidas corporais universais, bem como como as lojas de moda online podem eliminar as dúvidas na escolha do tamanho certo.

Marca diferente, tamanho diferente

A variação de tamanhos entre as marcas ocorre porque as marcas utilizam diferentes modelos de ajuste com base no seu público alvo.

Há também o fato de que padronizar tamanhos pode ser difícil, já que as roupas em si não são padronizadas; algumas peças são feitas para serem largas, outras mais justas. O “tamanho da vaidade” também contribui para a confusão e é em grande parte responsável pelas discrepâncias de tamanho ao longo dos anos.

Vamos dar uma olhada mais de perto nessas razões que explicam a variação de tamanho entre as marcas.

Marcas usam diferentes modelos de ajuste

Diferentes marcas visam diferentes clientes e, como resultado, diferentes tipos de corpos. Considere uma marca voltada para fisiculturistas em comparação com uma marca que foca em mulheres petite ou plus size.

As marcas usam diferentes modelos de ajuste que melhor se alinham com a visão do seu público alvo.

Obviamente, existem grandes diferenças nos tipos e formas de corpos, razão pela qual os tamanhos variam entre as marcas. Em vez de adaptar suas roupas para atender a algum padrão universal, as marcas fazem escolhas de tamanhos voltadas para seu público-alvo específico.

Ao criar amostras iniciais, as marcas geralmente usam um modelo de ajuste que representa o meio de sua faixa de tamanhos. Através de um processo chamado de “graduação”, as marcas criam então tamanhos menores e maiores com base no tamanho da amostra.

Em resumo, as marcas visam diferentes corpos, o que significa que usam diferentes modelos de ajuste, e o uso de diferentes modelos de ajuste leva a tamanhos diferentes.

As roupas não são feitas para servir da mesma forma

No sentido de expressar um estilo único, diferentes peças de roupa são projetadas para servir de maneira diferente. Clientes podem preferir ajustes diferentes, e os designers criam silhuetas variadas para atender a diferentes preferências, ocasiões e estilos.

Um par de calças skinny é feito para servir justamente, destacando as curvas do corpo, enquanto um vestido solto prioriza o conforto e uma estética descontraída.

Essa vasta diversidade nos designs de roupas e ajustes pretendidos ajuda a explicar a falta de padronização de tamanhos não apenas entre as marcas, mas até mesmo dentro das próprias coleções de uma marca.

A relatividade de tamanho e ajuste enfatiza a importância de considerar o design específico e o estilo pretendido de cada peça de roupa. Isso incentiva os consumidores a priorizarem o conforto pessoal e a aparência desejada, em vez de aderir estritamente aos rótulos numéricos de tamanho.

Tamanho da vaidade

“Tamanho da vaidade” é a prática de rotular roupas com um tamanho menor do que o corte real da peça.

Basicamente, é um truque psicológico para fazer os compradores se sentirem “mais magros” e aumentar sua autoestima. O objetivo é lisonjear e gratificar os consumidores, dando a entender que se encaixam em um tamanho menor, com a esperança de criar uma associação positiva com a marca.

Embora o “tamanho da vaidade possa aumentar a satisfação e a confiança do cliente, contribui para a confusão geral em torno dos tamanhos de roupas e explica em parte por que os compradores usam tamanhos diferentes entre várias marcas.

Padronização de Tamanhos

Apesar das razões apresentadas acima, seria possível implementar tamanhos padronizados na indústria da moda?

Embora diferentes organizações já tenham divulgado medidas de tamanho padronizadas, a verdade é que as marcas não querem adotar tamanhos universais – e isso é algo positivo.

Os corpos não são padronizados

A padronização universal é ótima em teoria. Se um cliente sabe qual é o seu tamanho, e ele pode comprar com confiança esse tamanho em qualquer loja de roupas online.

No entanto, na prática, como este artigo da Vox afirma, “na verdade tornaria mais difícil comprar roupas, limitando as formas e dimensões disponíveis para nossos corpos diversos”.

Isso ocorre porque as medidas corporais padrão são baseadas em dados. E esses dados sempre serão limitados pelo número e tipos de corpos amostrados.

Cada corpo humano é uma amostra única. Dessa forma, medidas e tamanhos padrão nunca serão capazes de capturar as nuances e preferências únicas de ajuste e estilo de cada comprador.

Em vez de tamanhos universais, os clientes podem tomar decisões mais assertivas ao comprar roupas online por meio do uso de provadores virtuais e ferramentas de recomendação de tamanho.

Medidas Padrão de Tamanho

ASTM International lançou padrões internacionais de medidas corporais para “auxiliar os fabricantes no desenvolvimento de padrões e roupas que estejam em conformidade com as características antropométricas atuais do público alvo de interesse”.

Públicos alvo de interesse, como por exemplo  “Homem adulto, idade 35 ou mais velho, Tamanho 34 ao 52. Baixo, Mediano, e Alto.” e “Mulher adulta, Faixa de tamanho 34–54

Em 2017, a Organização Internacional de Normalização (ISO) atualizou seus próprios padrões de roupas.

Esses incluíram a ISO 8559-1, listando medidas corporais padrão, e a ISO 8559-2, com recomendações de dimensões de vestuário para atender a essas medidas.

O objetivo da ISO 8559-2 é “estabelecer um sistema de designação de tamanho que possa ser usado por fabricantes e varejistas para indicar aos consumidores (de maneira simples, direta e significativa) as dimensões do corpo da pessoa para quem a peça de roupa é destinada a servir”.

Mas padrões sozinhos não garantem uma adoção generalizada, o que permanece uma tarefa complexa e difícil de implementar. Especialmente porque a maioria das marcas de moda prefere seguir suas próprias tabelas de tamanhos para atender às suas bases de clientes distintas.

As marcas não querem um tamanho padrão

Seja uma marca de roupas de moda esportiva casual voltada para mães pós-parto, ou uma marca de moda de luxo de alta qualidade, as marcas projetam roupas de maneira diferente.

O ajuste, design e medidas das roupas de uma marca são uma forma de propriedade intelectual. Isso é a razão pela qual as tabelas de tamanhos internas são segredos tão bem guardados.

Como as roupas de uma marca em particular se ajustam muitas vezes é como os compradores escolhem uma marca em vez de outra e desenvolvem preferências.

Dessa forma, a variação de tamanho entre as marcas na verdade permite que o mercado atenda melhor às demandas únicas de tamanho.

Mesmo sem tamanhos universais, as marcas podem explorar a experiência do cliente e promover a fidelidade por meio de recomendações personalizadas.

Simplificando as compras online sem tamanhos universais

Ao fazer compras online, os clientes frequentemente têm dificuldade em encontrar o tamanho certo. No Reino Unido, tamanhos ou ajustes incorretos foram a razão para 93% das devoluções de roupas.

Essa alta taxa de devoluções apresenta desafios tanto para os compradores quanto para os varejistas, cujo resultado financeiro é seriamente impactado.

Mas, como vimos, tamanhos universais fariam pouco para diminuir a taxa de devolução, já que as preferências únicas dos clientes não são garantidas de serem atendidas. Então, o que pode ser feito?

Tabelas de medidas abrangentes e medidas corporais

Para ser mais eficaz, as tabelas de tamanho precisam incluir faixas de medidas corporais para as quais cada tamanho é destinado a servir, além das medidas da peça.

Medidas corporais dão aos compradores uma melhor ideia de qual tamanho escolher com base em suas próprias preferências, sendo especialmente útil ao lidar com tecidos elásticos.

Mas, embora sejam úteis, as medidas só são eficazes se os compradores tiverem uma fita métrica em casa – o que a maioria não tem. E mesmo que tenham, há uma boa chance de que não saibam como tirar medidas precisas.

Provadores virtuais de recomendação estatística

Alguns provadores virtuais usam algoritmos estatísticos para recomendar tamanhos com base nas características do usuário. Esses algoritmos se baseiam em um banco de dados para prever taxas de satisfação passadas.

Por exemplo, uma mulher de 43 anos com 1,60m e 50kg pode ter 80% de chance de ficar satisfeita com um tamanho P, com base em perfis semelhantes e taxas de devolução passadas.

Soluções comuns no mercado estimam medidas corporais usando peso, altura e idade, e oferecem aos usuários a opção de ajustar suas próprias medidas corporais. Esse método estabelece um padrão confiável, construindo a confiança do consumidor e abordando desafios do comércio eletrônico.

A desvantagem é que esses modelos não levam em consideração as preferências de estilo dos usuários. Por exemplo, aqueles que preferem roupas oversized podem se sentir negligenciados, com a informação de que há 76% de chance de que a roupa servirá, sem considerar suas preferências de caímento.

Provadores virtuais de recomendação antropométrica

Ferramentas de recomendação baseadas em antropometria coletam dados corporais (peso, altura, idade) e validam a distribuição de massa corporal com estimativas precisas de até 7 medidas corporais.

Esse modelo requer que as lojas online forneçam tabelas de medidas dos produtos. Ao combinar dados corporais do usuário com medidas do produto, o algoritmo gera sugestões de tamanho específicas.

Usando dados corporais reais e tabelas de medidas do produto, isso resulta em recomendações mais personalizadas em comparação com modelos estatísticos. Os usuários também podem avaliar o quanto cada tamanho ficará folgado ou apertado.

Para que essas ferramentas de recomendação permaneçam eficazes, as lojas precisam manter suas tabelas de tamanhos atualizadas e monitorar sua assertividade.

Tamanhos deveriam ser universais para coleções, não marcas

Como as marcas projetam roupas para diferentes tipos de corpo, implementar tabelas de tamanhos padrão não é apenas difícil, mas também limita as escolhas de roupas para os compradores.

Em vez disso, as marcas devem se concentrar em manter a consistência de seus próprios tamanhos, juntamente com a atualização das tabelas de tamanhos e fornecimento de recomendações de tamanho que levem em conta as preferências dos clientes.

No final do dia, os clientes não querem um tamanho universal. Eles querem poder comprar roupas que proporcionem um bom caímento.

Se você quiser saber mais sobre criar uma experiência assertiva de compra para os clientes, não deixe de ler nosso artigo sobre tabelas de medidas.


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